Primeiro-ministro do Canadá anuncia tarifas de 25% sobre produtos dos EUA em retaliação
01/02/2025
Justin Trudeau afirmou que os canadenses devem priorizar produtos locais e viajar dentro do país, em vez dos EUA. México e China, que também serão impactados pelas tarifas de Trump, já começaram a reagir. Primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, em coletiva para anunciar tarifas contra os EUA.
REUTERS/Patrick Doyle
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou neste sábado (1º) a imposição de tarifas de 25% sobre produtos dos EUA, em resposta às taxas adotadas pelo governo norte-americano.
Trudeau afirmou que as tarifas prejudicariam os Estados Unidos, um aliado de longa data. Ele encorajou os canadenses a comprar produtos canadenses e passar férias no Canadá, em vez de nos EUA.
Trudeau afirmou em entrevista coletiva que US$ 30 bilhões entrarão em vigor na terça-feira (4), enquanto os US$ 125 bilhões restantes serão aplicados em 21 dias.
Trudeau mencionou que as tarifas de 25% afetariam uma variedade de produtos, incluindo cerveja, vinho, bourbon, frutas, sucos de frutas (como o suco de laranja da Flórida, estado natal de Trump), além de roupas, equipamentos esportivos e eletrodomésticos.
Ele afirmou ainda que o governo estuda medidas não tarifárias, incluindo restrições ligadas a minerais críticos, aquisição de energia e outras parcerias.
Trump oficializa tarifas contra Canadá, México e China
Donald Trump abriu caminho para uma guerra comercial com os três maiores parceiros dos EUA. A Casa Branca disse que estava aplicando tarifas de 10% aos produtos vindos da China e de 25% para as importações do México e do Canadá — com 10% sobre o petróleo canadense.
Nos decretos assinados por Donald Trump na tarde de sábado, uma cláusula indica que se os países impuserem tarifas retaliatórias, os EUA vão aumentar ainda mais as taxas.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, também ordenou neste sábado tarifas retaliatórias em resposta à decisão dos EUA, segundo a agência Reuters. "Instruí meu ministro da economia a implementar o plano B em que estamos trabalhando", postou Sheinbaum no X.
A China vai contestar as tarifas de Trump por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC), disse o Ministério do Comércio chinês neste domingo (2).
A imposição de tarifas pelos EUA "viola seriamente" as regras da OMC, disse o ministério em um comunicado, pedindo aos EUA que "se envolvam em um diálogo franco e fortaleçam a cooperação".
Entenda o tarifaço de Trump
A principal argumentação de Trump para justificar as tarifas não são questões comerciais, mas de emergência nacional, de saúde pública e segurança nacional. Neste caso, ele não precisa da aprovação do congresso.
Trump acusa o México e o Canadá de não tomarem medidas para impedir a entrada de imigrantes ilegais nos EUA. E acusa os três países de não combaterem o tráfico de fentanil — um analgésico que tem causado uma epidemia de overdose nos EUA.
Mais cedo, Trump anunciou a imposição de tarifas alfandegárias até que o México "coopere com os Estados Unidos na luta contra as drogas", alegando que os grupos de narcotraficantes "colocam em risco a segurança nacional e a saúde pública" do país.
Os cartéis do narcotráfico "têm uma aliança com o governo do México", acusou a Casa Branca.
Em nota publicada no X, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, chamou a acusação dos EUA de calúnia e disse que nação não aceitará ações intervencionistas em seu território.